Na natureza, quase todas as
gorduras e óleos possuem uma estrutura, um formato, que recebe o nome de cis.
Porém, após sofrerem a ação de um bombeamento de hidrogênio sob alta pressão e
temperatura, a estrutura se modifica e essas gorduras parcialmente ou totalmente
hidrogenadas passam a receber o nome de trans.
A indústria alimentícia adora as
gorduras trans. É que os alimentos à base dessas gorduras e óleos hidrogenados
possuem um prazo de validade muito maior. Elas se são o ingrediente principal
da maioria das margarinas e também entram na composição de inúmeros alimentos
industrializados.
Muitas funções essenciais do
nosso organismo dependem de certas substâncias que controlam os processos
inflamatórios e recebem o nome de prostaglandinas. Existem prostaglandinas
pró-inflamatórias e anti-inflamatórias. Num indivíduo normal, existe um
constante equilíbrio entre elas, de modo que a inflamação possa se manifestar
apenas quando necessário para a defesa do organismo. A ingestão de gorduras e
óleos trans desequilibra esta ordem, provocando um aumento na ação das
prostaglandinas pró-inflamatórias. Tal alteração pode resultar em uma
facilidade muito maior para desenvolver toda sorte de processos dolorosos que
compreendem estados inflamatórios, desde cólicas menstruais, dores nas juntas,
nas costas e, claro, dores de cabeça e enxaquecas.
Estudos demonstram, em animais
ingerindo gorduras hidrogenadas, uma diminuição na capacidade das células em
reagir com a insulina. Este fenômeno, que recebe o nome de resistência à
insulina, resulta num aumento da concentração desta substância no sangue. Quem
já leu o meu livro Enxaqueca 51; Finalmente Uma Saída sabe que isso gera, no
cérebro, um desequilíbrio nos níveis de serotonina, cuja conseqüência é a
enxaqueca, a depressão, a ansiedade e o pânico.
Como se não bastasse, a margarina
e as gorduras hidrogenadas trans podem elevar o colesterol ruim (LDL), baixar o
colesterol bom (HDL), aumentar os níveis de uma substância geradora de doenças
arteriais denominada lipoproteína (a), diminuir o volume e o poder nutritivo do
leite materno, prejudicar a resposta imunológica, diminuir os níveis de
testosterona em animais, inibir a ação de enzimas necessárias ao bom
funcionamento das membranas celulares, e prejudicar a incorporação de
importantes óleos ômega-3 pelo organismo.
Existem, hoje, milhões de pessoas
consumindo, regularmente, gorduras e óleos hidrogenados, sofrendo os efeitos
colaterais destes produtos, e simplesmente mascarando os seus sintomas com
remédios, sejam eles preventivos ou para crise, ao invés de realizarem mudanças
básicas na alimentação. Em todos os pacientes que procuram minha clínica com
sintomas de dores crônicas de cabeça e uso de analgésicos e anti-inflamatórios,
uma grande parte obtém melhora significativa quando, através de mudanças
alimentares realizadas em reuniões com grupos de pacientes ao pé do fogão, eu
corrijo desequilíbrios na composição de óleos e gorduras no organismo desses
pacientes, causados, em grande parte, pelo consumo de margarina, gorduras
hidrogenadas e óleos e gorduras trans.
Muitas pessoas obtiveram grandes
melhoras de quadros como enxaqueca, dores nas costas, cólicas menstruais e
artrite, após a retirada total de gorduras e óleos trans da dieta. Algumas
destas pessoas já achavam que suas dores eram normais! Mas a verdade é que não
existem dores de cabeça normais, nem cólicas menstruais normais e muito menos
artrites normais. Fique de olho, pois muita gente simplesmente pensa que ter
dor é normal, é simplesmente conseqüência do stress, da idade, ou da falta de
algum remédio.
Como conseguir isso?
No início, você pode levar um
susto: a sua primeira impressão poderá ser de que tudo contém gordura
hidrogenada. Sinal que você está comendo errado faz tempo! Você poderá
encontrar gordura hidrogenada em rótulos de margarinas, batatinhas chips,
bolachas, biscoitos, bombons, bolos, pipocas de cinema e em quase todos os
lanches da sua lanchonete favorita. A ingestão das gorduras hidrogenadas contidas
nestes alimentos contribui para o aparecimento de muitas dores de cabeça da
vida moderna.
Infelizmente, os interesses da
indústria alimentícia resultaram em uma grande desinformação sobre as gorduras
que ingerimos. Na prática, a maior parte da classe médica, da grande mídia e da população em geral não tem conhecimento do grande número de pesquisas apontando
para os efeitos adversos das margarinas e gorduras hidrogenadas. É de arrepiar
os cabelos que, em pleno ano de 2004, com tantas informações científicas à
disposição, a maioria dos médicos e nutricionistas ainda considera a margarina
como sendo um alimento saudável, e recomenda o uso deste ingrediente no lugar
da manteiga para tentar prevenir ou melhorar as doenças do coração de seus
pacientes. O fato científico indiscutível e consumado é que as gorduras trans
aumentam o risco cardíaco muito mais que as gorduras naturais na dieta.
Por essas e por outras, defenda a
sua saúde evitando, o quanto mais, que a margarina e todas as outras gorduras
hidrogenadas invadam o seu corpo. Use a manteiga é mais saudável!
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